Descoberta Inédita: Primeira Estrela Binária Encontrada Perto de um Buraco Negro Supermassivo
- Mente Curiosa
- 3 de jan.
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Cientistas acabam de desvendar um mistério galático: a identificação de uma estrela binária nas proximidades de Sagitário A*, o buraco negro supermassivo localizado no centro da Via Láctea. Essa descoberta é pioneira e oferece novas perspectivas sobre como estrelas podem sobreviver em regiões de gravidade extrema. A pesquisa foi conduzida por uma equipe internacional utilizando dados do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO).

Estrelas Binárias em Ambientes Extremos
“Sempre se acreditou que os buracos negros eram ambientes extremamente hostis para sistemas estelares,” explica Florian Peißker, líder do estudo e pesquisador da Universidade de Colônia, na Alemanha. No entanto, a descoberta da estrela binária D9 desafia essas expectativas. Esses sistemas, compostos por duas estrelas orbitando uma à outra, são comuns no universo, mas nunca haviam sido observados tão próximos de um buraco negro supermassivo.
D9 é um sistema jovem, com apenas 2,7 milhões de anos, e sua sobrevivência em um ambiente tão hostil é temporária. Os cientistas estimam que, em menos de um milhão de anos, as forças gravitacionais extremas de Sagitário A* fundirão as duas estrelas em uma só.
Jovens Estrelas no Coração da Galáxia
Por muito tempo, acreditava-se que a intensa gravidade e as condições adversas ao redor de buracos negros supermassivos impediam a formação de estrelas. No entanto, a presença de estrelas jovens em torno de Sagitário A* já havia desafiado essa ideia. Agora, com a descoberta de D9, fica evidente que sistemas binários também podem surgir e prosperar temporariamente nessas regiões.
“Encontramos indícios de gás e poeira ao redor das estrelas do sistema D9, sugerindo que ele se formou em meio às próprias condições extremas do centro galático,” afirma Michal Zajaček, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Masaryk, na Chéquia.
Tecnologias Avançadas na Exploração do Universo
A detecção de D9 foi possível graças ao instrumento ERIS, acoplado ao VLT, em conjunto com dados de arquivo do SINFONI. As observações mostraram variações recorrentes na velocidade do sistema, indicando a presença de duas estrelas orbitando uma à outra.
Os cientistas também sugerem que essa descoberta pode esclarecer a natureza dos misteriosos objetos G encontrados no aglomerado S, onde D9 está localizado. Esses objetos se comportam como estrelas, mas têm características de nuvens de gás e poeira. É possível que alguns deles sejam estrelas binárias ainda em processo de fusão.
O Futuro da Exploração Estelar
Com a chegada de tecnologias como o GRAVITY+, que aprimorará o Interferômetro do VLT, e o METIS, que será instalado no Extremely Large Telescope (ELT) em construção no Chile, os cientistas esperam realizar observações ainda mais detalhadas do centro da galáxia. Essas ferramentas podem não apenas confirmar a existência de outros sistemas binários, mas também identificar planetas ao redor dessas estrelas.
“A descoberta de D9 nos faz acreditar que a detecção de planetas no coração da Via Láctea é apenas uma questão de tempo,” conclui Peißker.
A investigação foi publicada na revista Nature Communications e é um marco na compreensão de como estrelas e possíveis sistemas planetários se formam e sobrevivem em ambientes de gravidade extrema. Essa descoberta promete ampliar nossos horizontes sobre a dinâmica das regiões mais enigmáticas do universo.
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